terça-feira, 11 de março de 2014

Dos mares de terríveis silêncios


Em quantas camas te deitarás, procurando,
Incessante o sonho que te desperta, aflora,
E como te recusas a desabrigar-te dessas tempestades breves,
Tentando sempre saber a cor dos mares,
A cor das estrelas que se interrompem,
Quando algumas nuvens acinzentam o negro do céu.

Posso-te falar dos perigos dos navegantes,
Dos mares de terríveis silêncios, em ecos que se eternizam,
Do som dos náufragos tocando o fundo das fossas escuras,
Mas,

Da dança que desliza até ao final desconhecido,
Apenas saberei dos copos bebidos, das garrafas vazias
Tombadas pelo soalho molhado.

Mas não te interrompo, ou te adormeço, ou te cubro,
Pelas noites frias,
Nem quando o corpo deseja um breve descanso,
Mesmo querendo repetir os passos arrastados
Pelos corpos colados, desfazendo o pensar,
Em mais um sonho, apenas mais um algures.

Um dia surgirão as velas enfunadas, o horizonte
Tão perto que se pode tocar,
E, as camas por onde te deitaste,


Serão queimadas numa pira redentora.


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