terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Pelos cantos do mar como um naufrago



Liberta-me destas asas que me atrapalham,
Nunca aprenderam a voar mais além,
Nem refúgio, nem descoberta, deixa-me sossegar
Por este mar tão perto de mim
Que me desenovela, reduz a nada o todo,
A morte escondida, espreitando.

Sem começo, para quê?

Se estas visões inacabadas da aurora boreal,
Reflexas, algumas singradas sem sentir,
Inconscientes, efêmeras,
Atraiçoando a inóspita terra que não me habita,
Onde não me habituo,

E,
Enquanto procuro palavras para descrevê-las,
Renova-se o cheiro das alfazemas,
Brotam flores da amendoeira adormecida.

Refugio-me
Pelos cantos do mar como um naufrago,
Que esta loucura me seja presente, jamais fuga, ou vida.

Sim, revi a rota mais outra vez,

Além, mais além neste aquém de mim que ainda me resiste,
E que se repete moribundo.



(in Coletânea do Ideal Clube de Fortaleza, V Prêmio Nacional Ideal Clube de Literatura e XVI Prêmio Estadual Ideal Clube de Literatura)


1 comentário:

  1. Poeta de além mar,as flores adormecidas esperam pelo teu beijo para brotar... vem sossegar, percorre a rota mais uma vez, com a loucura que em ti é vida e jamais fuga!

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