terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Irreal fatalidade ou desejo presente nesse cio constante


Talvez me tenha tornado um nome, um lugar
Nessa fria possessão da vida errante
Em contínuas memórias cobertas por areais desertos
As rochas onde te encontrei sentada
Encontros

O tempo teimava em parar Desconhecido
Longe das cidades das pessoas Sem degradação
Desse sonho por onde tudo passou Ilimitado
Espaço que se Aboliu
Longe os labirintos entre marés conhecidas
De tanto repetidas revisitadas
Agitadas as águas do salso reino Indomáveis
Cavalos tresmalhados a galope na direção do Promontório
Irreal fatalidade ou desejo presente nesse cio constante

Curvei-me e estatelei-me
Pelo fundo das fossas tenebrosas mas eficazes
Como fugas sábias quando a noite roubava o dia
Sem álibis testemunhas Silêncio então

Emergimos fatalmente conscientes

O frio antigo evaporou-se
A mesma cor das cerejas estáticas
O mesmo odor das rosas bravias escondidas
As nossas  mãos cheias de Maresias
Sumptuosas

E assim
Respiramos em uníssono
Talvez então me tenha transformado

Num nome


[Só um].



segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

E pouco me interessam alguns destelhados

Photo by Andrea Kiss

Altero o caos que me decapita tentando salvar-me


E pouco me interessam alguns destelhados
Onde se abrigam Andorinhas tardias agarradas pelas
Chuvas últimas engrossadas
Ou rios que alagam terras de ressacas constantes
Inundam-me as rotas do pleno Mar violento
Inferno sem figuras

Estado puro violento selvagem indomável

Certo nada antecipa a história conhecida
Vezes demais repetida

Alvíssaras pela última garrafa

Lançada a estibordo.



quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Quantos lugares cabem dentro de mim


Perdi os tempos tentando conquistar Espaços
Limítrofes dirias de desafiadores
Agarrando os silêncios que eles transportavam Sós
Assim seja Sim.

Quantos lugares cabem dentro de mim quantos Cantos
Vazios sem os defuntos olhos negros ainda me resistem

Destecem-se as margens antes impossíveis Impenetráveis desanexados
Sejam vulcões vivos nascidos dos Mares Vida
Ressoando trovões despidos de Raios
Apenas desabafos repetidos dizias Tu correndo pelas
Tulipas que um dia brotaram das nuvens acinzentadas que
Cobriam marés recém-abertas

Afinal ainda procuro

Perduro


[Por fim].




sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Há pessoas que constroem casas fora de si sem jardins (Sem mar calmo)


Há homens e mulheres que constroem Casas
Dentro de si sem jardins ou mares à vista
Dirão da falta de espaço do tempo fugitivo algoz
Despem-se entre tijolos nus sem o branco da cal
Absortos

Calcorreio o mar despojado de gentes onde
Alguns sonhos naufragam símiles a barcos de papel
Se em ti penso desfaço ondulações
Apressando chegadas mesmo que breves

Há jardins e mares desertos
Que limitam faces da Lua refletidas pelas Noites
Seguidas sem descanso
Por vezes são árvores arrancadas das raízes
Mais que profundos abraços à Terra quente
Outras vezes são pássaros libertados de gaiolas
Decorando salas vazias decapitadas

Passo por esta Terra que não me pertence refaz-se
Reconstrói sonhos eventuais viagens Além-mares
Onde nascentes alimentam marés balouçando amarras

Há pessoas que constroem casas fora de si sem jardins
(Sem mar calmo)
Queixam-se do tempo das tempestades que carregam
Deste Mundo

Desassossegos




Espalhados.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Despem-se nomes no tatear de nevoeiros selvagens


Se me perguntarem das margens do mar
Responderei das feridas crepitando falsas
Tréguas
Cansaço pelo voo dos pássaros sem pousos
Se as rotas me naufragarem assim
Que seja pela Noite breu sem cintilantes ou
Clarões de cometas deixando
Sextantes cegos

Há explicações por dias que se cruzam sossegando
Confidências despojadas em Tempo gasto
Crescente
E mesmo que o acordar esteja boiando
Sobre águas salgadas
Despem-se nomes no tatear de nevoeiros selvagens
Perpétuos famintos de nadas

Arrefeço o sentimento que atropela visões e vozes
Se me perguntarem das metamorfoses daqueles
Dias Noites
É das cadências ritmadas do olhar que Me
Lembrarei

Enfim algumas sombras restarão para sempre
Desassossegadas

Pálpebras semicerradas em vão.