sexta-feira, 25 de outubro de 2013

,estilhaços, desaparecem incólumes os fogos


,e estilhaço-me pelas sucessivas vagas em que repito algumas palavras silêncio sombras areais ou mesmo mar sem saber ao certo o que me leva ao arrepio de outras tantas falas nem tudo o que se escreve é a língua dos poetas nem tudo é porque escasseiam os tempos
e sobram os tempos de subir as montanhas que escondem as orquídeas brancas pelas trilhas das pedras em círculos como caminhos desconhecidos bafejados pelas nortadas em redemoinhos
e mesmo que o corpo que se arrasta atinja o limite nunca é chegado o tempo de parar sossegar adormecer ao som de uma velha música repetida vezes sem conta como se uma partida fosse um dado eterno sem regresso talvez me morra pelo sono mas
nunca é altura para se fazerem as mudanças nem sentir as breves sensações de outrora e fala-se de vulcões furacões como danos colossais de loucuras breves e não sei onde a rota acaba se nunca começa ou se apenas se atrasa porque o deserto mar continua irado com os adormecidos adamastores ou musas bebendo vinho tinto com navegantes solitários num bar de cais desconhecido pela noite de invernias extremas
e caminho pelas águas que silenciam o uivar dos lobos os gritos tantos dias ensombrados pelas conquistas sem artifícios ou pelo cantar das nuvens carregadas de cinzentos querendo ver mais além desta cegueira que tende a ser apenas um cometa pelo breu do céu
estilhaços

,desaparecem incólumes os fogos

I

se nesse mesmo dia
um simples desejar
que seja o dessas palavras que rasgam poesia,
e que depois desaparecem incólumes,
visões,
sonhadores,
navegadores.

,aspiram eternidades poetas, meretrizes, mendigos, bêbados,
de nada servem as ruas escuras, as docas invisíveis,
ou as visões que acordam a noite.

,desaparecem incólumes, nas lamas dos cataclismos,
proteções, grades, e do barro se fazem as esculturas,
livres,
nessa liberdade que aprisiona,
aprisionou.

,dos pássaros que morrem em voo, se cantam odes ao mar,
apenas descansam nos cirros,
momentaneamente,
e a vista não os alcança,
jamais.

,desaparecem incólumes os fogos,
esqueço-me do ontem, propositadamente,
então,
sigo rotas imaginárias.

,desaparecem incólumes alguns pirilampos, diz-se
que adormeceram iluminando
a face visível do sol.

,seja dos tempos sem tempo,

seja-me a mim possível, apenas ir,

[tão somente ir ao impossível ir...].

,estilhaçando-me.


[,fim de um ciclo, apenas isso, dir-me-ás]



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