quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

,guarda o que a minha vista já não alcança



(I)

,do deserto [… que seja do deserto]

são construidas colmeias em árvores desnudadas,
abandonadas,

enunciam-se alguns gritos solitários,
por momentos nefastos carregados de tédio,

e revivem as dunas em areais distantes,
invadidas pelo mar,
como o tafetá cobre o corpo da bailarina, o ventre.

(II)

,revivo-me a cada rota desconhecida,

construo nuvens sós, breves,
pelas clareiras do ceu,
no peito murmurios, no peito miçangas de flores

um dia colhidas, um dia arrancadas pela raiz.

,um dia ermos distantes, desabitados,
que penetram sem perdões por este mar revolto.

,e vejo aléns,
,e vejo redemoinhos estranhos,

,e vejo esconderijos descobertos.

(III)

,vejo-te.

,ruirá o inverno que se aproxima
ao pavor dos ventos, ao pavor dos aluviões,

guarda-me o mel,
,guarda o que a minha vista já não alcança.





Textos de Francisco Duarte

2 comentários:

  1. Aqui onde as ondas serenam, embalo todos os meus cantos, como se nada mais pudesse me emudecer e como corais desalinhados, estendo meu sorriso ao sol...
    Navegar contigo é indizível emoção caro poeta!
    Saudosa, mas nunca ausente dileta seguidora das tuas vagas.
    Abração!
    V.

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