quarta-feira, 23 de maio de 2012

[… e quando mais me aproximo do mar




 
e quando mais me aproximo do mar,
mais me quedo moribundo de ti,

aspiro as longitudes que determinam as distâncias rectas
como se o horizonte fosse apenas um ponto fixo,

e quando bebo do teu corpo
qual braço de rio que me inunda, aproveitam-se as orquideas
que levitam voando sem destino,

e eu,
sem sentido,
resto-me silencioso quando os teus gemidos
janela fora se libertam.

Geme-me o silêncio de mim.
Encabresta-se o corpo à dor do desígnio,
como uma penitência forçada,
fado que seja,

sabendo que mais de madrugada partirei,

na primeira vaga que se espraiar.

E quanto mais me aproximo do mar...


[repetir-me-ei, então, sempre].





[“do ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea. La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que estará a chegar?)]





1 comentário:

  1. "e quando mais me aproximo do mar,
    mais me quedo moribundo de ti,"

    É assim que sinto quando não leio o teu belissimo poetisar, amigo querido.

    Obrigada pelas tuas sensíveis palavras no FB

    Adoro- te amigo meu.
    Beijos

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