quarta-feira, 9 de maio de 2012

dos ventos

Golfinho, Açores, Portugal @ Paulo Ricca

I

e quando tudo terminar onde ficarão as palavras,
terminarão elas também?

Quero-me mar, querer-me-ei então som em silêncio,
aquele que range a alma,
aquele que sempre me suspendeu

no precipicio do promontório um dia,
ou noite, já não sei.

E quando isso acontecer, [que me interessa o quando]
nem saberei colocar a mão sobre as letras em forma de orquìdea,
ou aquelas outras em cor de cereja,

então,

querer-me-ei despido de mim, que a carapaça apodreça.

II

Dos ventos,

que seja,

querer-me-ei vento, não brisa, vento
forte,

furacão que limpe as lágrimas que ainda resistem,
e mesmo que o mar as tenha todas recolhido,

libertar-me-ei destas pedras angulares
que nada já sustêm, nem pó.

As crianças serão então livres, como o fui em tempos,
e regresso ao principio, ao ventre,

ao mar calmo,

serei então eu.

[Finalmente].






...
[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]



1 comentário:

  1. não e nem nada.

    vem como és, hoje, logo, um dia... mas não te esqueças de vir.

    não me esquecerei de te esperar.

    Beijo

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