sexta-feira, 18 de maio de 2012

[… como a árvore arrancada


Vulcão Sinabung, Sumatra, Indonésia Foto Binsar Bakkara/AP

 …
como a árvore arrancada pela raiz
descansa imponentemente deitada, abriga

o que não se vê, como o que

sobra quando se escreve do amar,
será o que se sente?
partilhar-se-á alguma vez?
abrigar-se-à o verso?

Jamais saberei do vil fingimento das palavras mesmo as que nada significam, jamais se abrigarão na árvore que jaz imponentemente deitada, arrancada.
Jamais saberei dos vis sentimentos dispersos pela folha de papel em circulos. Esqueci-me dos violinos pela noite... ou do luar...

saberei que o inicio

do que não se vê, jaz num canto,
e pouco interessarão as frases repetidas como ecos,
que me esforçam, cansam-me o corpo.

Vã a viagem,

nascerão cinzas numa lareira pelo inverno,
que sejam as minhas,

a árvore arrancada pela raiz,
continuará a descansar imponentemente, deitada,
apodrecerá pela manhã.




[“do ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea. La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que estará a chegar?)]

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