quinta-feira, 15 de março de 2012

[Sei]


Lago natural perto de Manaus. Amazonas, 2010.
Foto: Ivan Canabrava/ Reuters

Nesta esquina onde março
se mistura com primaveras, trocam-se
olhares que se desnovelam,
[que me desnovelam]
mimicas isoladas,

fogem-me as perguntas, enquanto
bojadores se transformam
libertando as camadas de gelo,
ilusões, sei,

saberei então regressos,
saturam-me os regressos,
como se a porta entreaberta
escondesse as tulipas negras
que ficaram apodrecendo, por ali,
fecha a porta com estrondo,
um final deselegante, sei,
mas, algo de novo, sei.

Existirão sempre outras raizes que perdurarão para além do roamaninho das árvores do carvalho que escondem os ramos naquelas florestas destapadas pelos ventos em remoinho.

[Sei].

Sei das noites que os meus olhos viram,
e quando os fecho, elas regressam
como fendas abertas
nestas esquinas onde março se mistura com primaveras,
sei das escuridões,
sei.




1 comentário:

  1. Das primaveras finadas que em março outonam...
    Das tulipas que de tanto enegrecem as minhas vistas, reviraram meus olhos embranquecendo os portões da noite...
    Ao bater tão forte à porta...elegante lufada fez-me asas...
    Levou-me...
    Para onde?
    Não sei!
    Mas hei de ter todas as perguntas quando o outono, em março, chegar...e finalmente “em mímicas isoladas”... desnovelar todas as minhas respostas...

    Emociono-me contigo...tens o dom de uma escrita que desprende-me de mim...NÃO SEI!rs
    Abraços poéticos desse lado de cá, de uma admiradora das tuas letras, que no meu céu, reluzem como estrelas...
    V.

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