sexta-feira, 30 de março de 2012

[é pela noite que as orquideas voam]

             Ilha da Culatra, Algarve, Portugal, foto Enric-Vives Rubio

é pela noite que as orquídeas voam
soltando as pétalas pelo caminho,
e enquanto os olhos não adormeçem,
sento-me num cais algures, olhando
almas que se passeiam como aves pelos campos de linho,

fala-me das almas, conta-me dos caminhos,
enquanto o poema se transfigura e redondo rola como uma pedra na direcção do abismo por mim criado.

Palavras.

Fala-me de mim ou de ti, das fugas
que se esconderam por todas as viagens mesmo as que já foram um dia virgens impolutas,
dos faróis que encadeavam os olhos cansados,
diminuindo distâncias de adamastores furiosos,
do arco-iris que iluminava o fundo das fendas
que reluziam como tesouros destapados da terra submersa, fala-me.

Que me interessa o amar, de que me serve
se a saudade resiste e invade o ar perfumado pela primavera[?].

Palavras.

Sim, é pela noite que as orquideas voam,
e sobre o mar por onde os meus passos calcorreiam levantam-se as pétalas em remoinhos deixados pelo vento adormecido,

acordam marés julgadas perdidas para sempre,
ficam os silêncios de mim ou de ti,
[como se isso importasse agora...]
e nem as palavras que calámos incomodam o içar da âncora.


[nas palavras que ficaram coladas ao céu da boca nasceram versos que se julgavam perdidos pelas folhas rasgadas nos caminhos cobertos por pétalas das orquídeas que voam pela noite].
Palavras[?].



1 comentário:

  1. [NUNCA, NUNCA S ENTI A (TUA) BELEZA TOCAR.M TÃO PERTO]

    eu não tenho palavras para Te dar, emudeci.

    apenas me apetece reler, reler.T, reler.M e edificar.T uma estátua de palavras, se e quando as encontrar.

    solto as pétalas das orquídeas que tanto amo no teu caminho...

    [posso?]

    minh'Alma neste Abraço

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