terça-feira, 6 de março de 2012

[Anoitecem-me os olhos]

Aves migratórias passam em frente ao pôr-do-sol. Alemanha, 2010.
Foto: Sean Gallup/Getty Images


Anoitecem-me os olhos
esperando pelo renascer
da manhã,
dos peregrinos que passam,
distantes,
ficam rosários quebrados
pelos caminhos,
ronfam os tambores lá longe,
um sino tenta acompanhar a marcha,
tenta,
no barco encalhado fazem-se promessas,
[que a maré venha, depressa],
contam-se estrelas sem nexo,
contam-se histórias do mar,
mentiras verdadeiras,
como se não existissem saudades,
como se não existissem tempestades.
Anoitecem-me os olhos,
e quando a manhã renasce,
adormece-se o corpo,
neste querer regresso,
ronfam os tambores lá longe,
tão longe.

[Do sino, esqueçi-me...]



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