este meu mar que não sossega
…
da
chuva se diz de tempestade,
quando
nos molha,
da
paixão se diz de traição,
quando
os olhos se fecham,
…
um
piano toca numa ilha,
e
no olhar avermelhado
das
nereidas,
implodem
vulcões.
…
Em todos os cantos destes
mares afora,
em
cada parcela de água,
refletem-se as estrelas
que
se afundam, até aos abismos,
…
e
hoje sinto-me assim,
e
hoje sento-me, esperando-te,
assim,
…
numa
espera infinita, eu sei,
como
infinitos são universos
além deste meu mar, e como nestas
descobertas
de mim,
sossega
o corpo, enquanto
a
mente anseia, sem descanso.
Das
ansiedades se dizem de pressas.
Enquanto
te espero,
nesta
espera infinita,
desfaço
os mundos construidos
em
papel,
disfarço
as mãos neste cruzar
dos
braços,
e,
nos bolsos,
…
ainda
trago algumas conchas,
alguma
lava, de um vulcão implodido
que
afogou uma ilha, algures,
que
destruiu um piano, qualquer.
…
[Implodi-me, olhando o olhar avermelhado das nereidas mudas...]
...
Ainda continuo a ouvir um piano, tocando, algures,
enquanto te espero.