terça-feira, 17 de janeiro de 2012

[In primis]



do vento se dizem
os furacões orfãos, quando
em brisa de primavera
se transforma,

se diz do mar,
se as margens o apertam,

dos bafios que se querem leis
cerceia-se rente, a liberdade
do navegar,
tudo limitam, tudo se afunda.

No grito de uma única palavra,
nascem algumas pegadas,
nas finas areias de ilhas
desertas,

querem-se abertas as correntes,
da cegueira, da surdez,
dos horizontes curtos,
dizem-me,

apenas me dizem, pouco mais.

[In fine],
de tudo o que passou,
canta-se saudade num fado
repetido,
carpem poetas, nasce fata morgana
sob os mares calmos, gelados,
- miragem, dirão,

das margaridas que não nascem
no deserto,
do mar que não nasce da montanha,
riem-se falsos deuses invisiveis,
da cegueira, da surdez,
dir-me-ão.

[Desconhecem rotas nem com uma balestilha descobrem o azimute]
e assim se diz de naufrágio.



fata morgana - miragem no mar. Trata-se de uma miragem que se deve a uma inversão térmica. Objetos que se encontrem no horizonte como, por exemplo, ilhas, falésias, barcos ou icebergues, adquirem uma aparência alargada e elevada, similar aos "castelos de contos de fadas".

balestilha - Instrumento com que se toma a altura dos astros




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