domingo, 1 de janeiro de 2012

[acorda-me meu amor,]





como se apenas fossem o caim do outro,
lança que rasga a pele, a outra,
encerrados num qualquer cavalo de troia
que se incendeia,
e os corvos ao longe observam,
crocitam, preferem aguardar.

Nos bojadores escuros cantam algumas sereias,
canto mudo onde os gestos se querem
suaves, apenas gestos,
alguns encantamentos breves, depois
dos naufrágios, do disparar das bombardas,
e do crepitar da madeira em chamas,
silêncios.

E o amar foi encontrado num ocaso
tão deserto como um areal madrepérola,
virgem, impoluto,
e o ignoto mar revoltou-se das palavras
perdidas dos poetas ocasionais,

Rebolam-se algumas ondas contra
as rochas desgastadas, polidas,
escorregadias,
reconstroem-se algumas vidas,
reconstruo alguns sonhos
julgados desaparecidos,
do apocalipse reaparecem alguns
cavalos alados indomáveis,
as searas ondulam então,

acorda-me meu amor,
revela-me os corais, que ficaram longe de mim.

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